domingo, 21 de julho de 2013

Por que eu não gosto de best-sellers ou uma visão sobre literatura



''Em ciência leia sempre os livros mais novos. Em literatura, os mais velhos.''
Millôr Fernandes

Literatura é uma coisa engraçada. Tem gente que acha que tudo é literatura e outros que somente o que a academia considera. Ou isto ou aquilo, como diria Cecilia Meireles. Eu não sei o que acho. Só desconfio.
Eu sou apaixonada pela literatura que liberta. Pela literatura que tem a vida real como matéria, os problemas reais. Como diria Drumoond, ''os homens presentes, a vida presente''. Pelas histórias que falam de um chão forte, de pessoas fortes. Gosto de livros que doem de verdade.
Eu não leio para esquecer, leio para lembrar e cutucar a ferida mais fundo ainda. Na FLIP deste ano, um palestrante disse que bons poemas são como as pedras de Paraty, pois fazem com que você tenha que se reequilibrar, repensar o trajeto, sair do conforto.
Eu não consigo ler um bom livro sentada em um lugar calmo, bebendo uma xícara de café quente. Talvez um best-seller. Dizia uma professora minha que esse tipo de livro é literatura de descanso. Eu concordo. Nem todos são, é claro. Há sucessos de livraria tão desconcertantes como os poemas de Drummond. Dizem que gosto é gosto e eu sinto o de Mc Donalds quando leio algo do tipo. Vai me deixar feliz, mas não vai me alimentar direito.
Eu, Luana, gosto daquilo que me tira o sossego, que me faz pensar, que me sensibiliza. Sabe quando você come algo de sabor azedo, mas aquela sensação de estranhamento te faz querer mais? Então, é mais ou menos isso...
Prefiro os clássicos e a literatura marginal, é fato. Confesso que tenho resistência a certos segmentos e fico brava com quem torce o nariz para o que eu gosto. Dizem que gosto não se discute, mas em termos de formação leitora a coisa muda de figura. Se as leituras que fazemos moldam nosso pensamento crítico, como pensar criticamente com idéias tão prontas? Não estou pedindo fogueira aos livros essencialmente comerciais, mas há de se pensar sobre. Os clássicos sempre serão os clássicos e devem ser lidos sim. Proficiência leitora se adquire quando ousamos mais, quando vamos além do que já lemos. Vocabulário elaborado, situações mais complexas, problemas sociais, estilo, retrato de uma época...
''Luana, mas os clássicos também não são, de alguma forma, best-sellers?''
Só no nome.
Li Querido John, do escritor Nicholas Sparks, e não morri de amores. Não mexeu comigo. Por outro lado, quando li A Menina que Roubava Livros, do Markus Zuzak, fiquei simplesmente chocada. A força das descrições, das cenas, o estilo, tudo me prendeu. Pensei na Anne Frank e em todas as histórias parecidas que já li. Por isso mesmo não quero ser extremista. Há exceções.
Por tanto, não quero terminar esse texto com um conselho ou alguma conclusão sobre isso, pois não tenho.
Aliás, tenho sim: Independente do que for, leia.




Luana H.